domingo, 23 de agosto de 2015
VAI-SE
Vai-se a noite em leito frio
Feito um rio a escoar
Hora a hora, chora o tempo
Peito adentro a te esperar
Vai-se a cor entorpecente
De uma juventude em flor
Ante a dor inconsequente
Tão ausente de pudor
Vai-se o brilho dos meus olhos
De mãos dadas ao desejo
Que eu não vejo mais por nada
Nem espero ressurgir
Vai-se o sonho por cansaço
Pelo abraço que não dei
Pelos planos que não faço
Por alguém que não serei
Vai-se a vida num instante
Qual barbante inflamado
Quer me encontre o amor errante
Quer me espante o meu passado
Vai-se toda a existência
Que haja visto ou venha a haver
De emoção ou sentimento
Que algum dia ousou-me ler
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